O tema: A gestão democrática no sistema público de ensino do Distrito Federal em risco, foi a discussão proposta pelo Observatório no dia 01/09/2022, na semana universitária da Universidade de Brasília. Os professores convidados para as palestras e debates foram os Doutores em Educação Erastos Fortes e Adilson Cesar. O encontro teve início com a participação especial da equipe de práticas corporais circenses. Em seguida, o professor Erasto apresentou um panorama histórico sobre o processo de gestão democrática no país e no Distrito Federal a partir dos marcos regulatórios. Ressaltou as fragilidades, inconsistências e inconstitucionalidade de Projetos como a militarização das escolas públicas e do Programa Nacional de Escolas Cívico- Militares enfatizando seu impacto direto na gestão democrática. Atentou para a necessidade de análise crítica acerca dessa nova forma de organização da gestão escolar e seus desdobramentos sobre os resultados na educação pública, enfatizando que processo de eleição de diretores escolares por si só não retrata a amplitude do que vem a ser uma gestão democrática de ensino. Após, o professor Adilson enfatizou a forma de fazer política educacional no Brasil por grupos que se enaltecem por sua pseudoneutralidade científica, mas que não se articulam com os docentes para pensar nas propostas para a escola. Apresentam a visão da necessidade de especialistas e consultores para a elaboração das reformas educacionais, como no caso do ensino médio, sem ouvir a pluralidade de ideias de quem faz o ensino. Sinalizou a importância de que o processo de democratização extrapole os muros escolares, de forma a atingir os poderes intermediários e o poder central. Salientou, ainda, que a lógica de construção de política educacional no país é a da tecnocracia, por grupos “iluminados” que falam para os educadores e não com os educadores. A Base Nacional Curricular Comum – BNCC é, em sua avaliação, a expressão local de um currículo que é global pautado no ethos empresarial. Desta forma, as políticas educacionais, por meio da expropriação do conhecimento do professor, atingem o Projeto Político Pedagógico que é o instrumento de construção da identidade da escola. Ressaltou, ainda, ser imprescindível para a construção de uma sociedade democrática a valorização das artes e das humanidades para a ampliação da sociabilidade, da criatividade e da liderança. O Professor Adilson concluiu que a Reforma do EM ameaça a gestão democrática por seguir a lógica empresarial e não a lógica da formação cidadã e democrática.
A equipe do Observatório avaliou com sucesso o encontro e agradece a presença dos professores Erasto e Adilson que contribuíram consideravelmente com a discussão e compreensão na pauta da Gestão Democrática no Distrito Federal.
Texto escrito por Alessandra Moulin- Integrante do Observatório
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