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Dia Internacional das Mulheres- Dia de luta por direitos e dignidade




Hoje não queremos flores, nem congratulações, não queremos frases doces que ressaltem a nossa beleza. Mês de março, como todos os dias na vida das mulheres, no Brasil, é dia de luta e, na atual conjuntura, a luta se tornou ainda mais necessária. Somos um país que tem um dos piores índices do mundo em violência contra mulheres. A cada hora e meia uma mulher é morta pelo simples fato de ser mulher, a cada 12 minutos uma mulher é estuprada. No DF, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, 80% das meninas de até 7 anos de idade, que sofrem abuso são violentadas por alguém próximo- pai, padrasto, avô, vizinho, tio. A Sempreviva Organização Feminista- SOF realizou um estudo sobre a situação das mulheres no contexto da atual que mostra que 50% das mulheres passaram a cuidar de alguém na pandemia, 41% das mulheres que seguiram trabalhando com manutenção de salário afirmam que passaram a trabalhar ainda mais, 58% das mulheres que estão desempregadas na pandemia são negras.

Nós, que todos os dias lutamos para sobreviver em um país marcado por machismo e misoginia, hoje, dentro do contexto de uma pandemia histórica, enfrentamos também uma profunda crise política e civilizatória. O atual governo não só tem tomado medidas que colaboram diretamente para o aumento de mortes por Covid-19, assumindo uma postura negacionista e leviana diante dos inaceitáveis números de 1.900 mortes por dia, como ele também tem contribuído para o retrocesso na agenda de luta pelos direitos das mulheres, das meninas, e de grupos excluídos historicamente como os indígenas e os negros.

As mulheres são maioria entre os profissionais que estão na linha de frente da luta contra a pandemia- elas são enfermeiras, técnicas de enfermagem, elas são aquelas que cuidam da limpeza dos hospitais e unidades de saúde. E, são elas, muitas vezes, também, que estão em casa, sozinhas, cuidando do sustento da família, dos filhos, de um parente em tratamento de Covid. Elas são maioria dentre as professoras e professores que precisaram se adaptar ao novo contexto de Ensino Remoto.

Nós, mulheres, hoje, vivendo em um país que se tornou uma “câmara de gás a céu aberto” não temos o que comemorar. Hoje o que nos toma é o sentimento de luto pelas milhares de morte, é o sentimento de indignação de ver a incompetência do atual governo para ser a liderança de que precisávamos para atravessar uma crise como essa. O governo que aí está é a síntese das masculinidades adoecidas, que fazem com que os homens acreditem que, em nome de exercer e provar o seu poder e a sua virilidade precisam e podem aniquilar a tudo e a todas.

Hoje, em 2021, no mês de março, nós não queremos rosas, nem frases bonitas de congratulações. Nós queremos vacina, respeito à ciência, políticas adequadas para o enfrentamento do atual momento crítico que estamos vivendo. Hoje, nós mulheres, queremos que você apoie uma mulher próxima. Observe as mulheres da sua família e da comunidade e reflita sobre como você pode ajudá-la.

Hoje, mais do que nunca é dia de luta! E nós seguiremos lutando, porque ser mulher em um país como o Brasil é nascer construindo um caminho de resistência.


Texto escrito por:

Gina Vieira Ponte de Albuquerque, ceilandense, professora da Educação Básica do Distrito Federal há 29 anos, Especialista em EAD, em Desenvolvimento Humano, Educação e Inclusão Escolar e em Letramentos e Interdisciplinaridade nos Anos Finais (UnB). Mestra em Linguística com ênfase em Análise de Discurso Crítica (UnB), autora ado Projeto Mulheres Inspiradoras. Membra do Observatório da Educação Básica do Distrito Federal.

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